Mitologias

A origem de Goján Gíhr

Desgostosa, ela foi embora, quis abandonar a aldeia. Naquele tempo havia uma escada para o céu, que era um cipó – um cipó que ainda hoje é fácil achar no mato. A escada fora pendurada por Gorá, o criador. Quem brigava com os outros, ficava infeliz, podia ir embora para o céu, mas não podia voltar. Muita gente se aventurava para cima, cansada da terra. Assim que a moça subiu, Gorá cortou a escada. Não era a primeira vez que homens e mulheres se desentendiam entre si e fugiam. A última a poder usar este cipó foi essa mulher. Gorá não gostou de ver a população sumindo (idem, p.68). Subindo a escada com sua filha maiorzinha e seu bebê de colo, a mulher levava ainda consigo uma vasilha de cerâmica com água e um peixinho vivo. A filha maior olhou pra baixo e caiu e ela chegou ao céu com o bebê e o peixinho. Quando chegou a porta do céu, do Garpi, a moça gritou para os espíritos Garpiéhj:

  • Me peguem, abram a porta! Os Garpiéhj puxaram mãe e nenezinho para cima. O pessoal que estava no chão ficou olhando. Já nas alturas, quase chegando, viram-na estender o braço e pedir:
  • Pega minha mão, segura minha mão! Gorá puxou-a para cima. O nome dessa escada é pavánáv tápóh:, nossa-corda-de-subir. O peixinho que ela levou na panela transformou-se em Goján Gíhr, o arco-íris branco. Nós não vemos esse arco-íris branco de luz, só quem pode ver é o pajé quando sobe aos céus (MINDLIN et.al., 2001, p.68,69).

Posted in mitologias on Dec 12, 2019